O câncer é um diagnóstico que geralmente gera grande impacto tanto no paciente quanto em seu círculo social. Quando uma pessoa recebe essa notícia, é comum que amigos e familiares busquem entender o que pode ter levado ao surgimento da doença, uma vez que o câncer não é transmitido como uma infecção viral, por exemplo.
Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento de um câncer, e muitos deles estão relacionados aos hábitos de vida do próprio indivíduo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há uma previsão alarmante: até 2040, os casos de câncer em países em desenvolvimento devem aumentar em 81%. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, entre 2020 e 2025, o país terá cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano.
Neste artigo, discutiremos alguns dos principais fatores que podem favorecer o desenvolvimento do câncer, destacando tanto as questões genéticas quanto os hábitos de vida.
Fatores Genéticos x Hereditários
O primeiro ponto a ser considerado é a diferença entre fatores genéticos e hereditários. O fator genético é o que desencadeia a doença, já que o câncer é, em essência, uma mutação nas células de uma determinada parte do corpo. No entanto, surge a seguinte dúvida: “Se o câncer está relacionado aos genes, significa que, se um parente próximo teve a doença, eu também terei?”
A resposta é: depende. Embora o câncer seja causado por mutações genéticas, essas mutações nem sempre são herdadas. Existem muitos fatores externos que podem influenciar o surgimento da doença. O câncer hereditário, por sua vez, está relacionado a uma predisposição genética que pode ser transmitida de uma geração para outra. Isso significa que, embora você possa herdar a predisposição, ela não garante que você desenvolverá a doença. Por exemplo, você pode ter uma predisposição genética, mas isso não significa que seus filhos ou netos necessariamente desenvolverão câncer.
Entre os tipos de câncer cujas causas estão fortemente associadas à hereditariedade, destacam-se:
- Câncer de ovários/trompas;
- Melanoma;
- Câncer de próstata;
- Câncer de pâncreas;
- Câncer de mama;
- Câncer de cólon;
- Câncer de útero.
Fatores ambientais e de estilo de vida
Além dos fatores genéticos, o estilo de vida e o ambiente desempenham papéis fundamentais na predisposição ao câncer. Vejamos alguns dos principais fatores ambientais que podem aumentar o risco de desenvolver a doença.
1. Tabagismo
O hábito de fumar está fortemente associado a diversos tipos de câncer, não apenas ao câncer de pulmão, mas também a cânceres de boca, esôfago, pâncreas, fígado e rins, entre outros. Além disso, o tabagismo não afeta apenas o fumante, mas também as pessoas expostas ao fumo passivo. Isso faz do cigarro um dos maiores vilões na luta contra o câncer.
2. Obesidade
A obesidade é outro fator de risco significativo. O excesso de gordura corporal leva à produção de quantidades anormais de hormônios, como estrogênio, insulina e outros fatores de crescimento que podem estimular o desenvolvimento de tumores. Além disso, a obesidade está frequentemente associada a outros fatores de risco, como o sedentarismo e uma alimentação inadequada. Entre os tipos de câncer associados à obesidade estão os de esôfago, estômago, pâncreas, fígado e rins.
3. Alimentação Inadequada
Uma alimentação balanceada é essencial para a saúde em geral, e isso inclui a prevenção do câncer. No entanto, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, ricos em sal, açúcar e gorduras, aumenta o risco de desenvolver a doença. Dietas ricas em frutas, vegetais e fibras, por outro lado, desempenham um papel protetor contra o câncer.
4. Sedentarismo
A falta de atividade física regular está intimamente ligada ao sobrepeso e à obesidade, além de contribuir para o desequilíbrio hormonal no organismo. A prática de exercícios físicos ajuda a regular a produção de hormônios, como a insulina, que, em excesso, pode favorecer o desenvolvimento de tumores.
5. Exposição a Fatores de Risco Ambientais
A exposição frequente a radiação, agentes químicos e biológicos no ambiente de trabalho também pode aumentar significativamente o risco de desenvolver câncer. Profissões que envolvem contato com esses fatores requerem cuidados especiais para minimizar o risco de contaminação e, consequentemente, de mutações genéticas que podem desencadear a doença.
6. Exposição Excessiva ao Sol
A exposição prolongada e sem proteção adequada aos raios ultravioleta (UV) do sol é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pele, incluindo o melanoma, uma forma agressiva da doença. A adoção de medidas preventivas, como o uso de protetor solar e roupas adequadas, é fundamental para minimizar esse risco.
É importante lembrar que ter uma predisposição ao câncer não significa que você inevitavelmente desenvolverá a doença. No entanto, indivíduos com fatores de risco genéticos ou ambientais devem adotar medidas preventivas e realizar exames de rotina para a detecção precoce da doença. Além disso, manter um estilo de vida saudável, com hábitos alimentares equilibrados, prática regular de exercícios físicos e evitar a exposição a substâncias nocivas, é essencial para reduzir as chances de desenvolvimento de câncer.
Cada caso é único, e diversos fatores influenciam o desenvolvimento da doença. Por isso, é fundamental consultar um médico para obter orientações personalizadas e avaliar o melhor plano de prevenção ou tratamento.